
Com o avanço das metas de descarbonização e o aumento da pressão por transparência, empresas que comunicam seus avanços em energia limpa ampliam vantagem competitiva.
A transição energética, o processo de substituir fontes fósseis por energias limpas e renováveis, deixou de ser uma pauta técnica restrita a engenheiros e economistas. Hoje, é também uma pauta de reputação. À medida que governos, investidores e consumidores passam a cobrar ações concretas, a forma como as empresas comunicam seus avanços em sustentabilidade tornou-se tão importante quanto os resultados em si.
Segundo o relatório mais recente do CDP (Carbon Disclosure Project), apenas uma em cada quatro empresas no mundo possui um plano de transição climática alinhado à meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C. O dado evidencia um cenário de disparidade entre discurso e prática e reforça o valor das empresas que conseguem demonstrar, com clareza e transparência, seus esforços reais de descarbonização.
Com o Brasil se consolidando como ator relevante na agenda de energia limpa, impulsionado pela COP30 e por políticas de incentivo à descarbonização, cresce a atenção da imprensa sobre as estratégias corporativas para reduzir impactos ambientais. Nesse cenário, a comunicação ganha status de ferramenta estratégica — capaz de transformar compromissos climáticos em valor de marca.
Segundo Silvana Inácio, CEO e fundadora da Si Comunicação, a transição energética marca uma mudança não apenas no modelo de produção, mas na maneira como as empresas se apresentam à sociedade. “Hoje, a reputação é medida também pelo que a marca faz em relação ao planeta. Empresas que não comunicam suas ações correm o risco de parecer estagnadas, mesmo quando estão avançando internamente”, afirma.
Para a executiva, a comunicação corporativa precisa acompanhar a velocidade da transformação energética. “As empresas estão investindo em inovação e redução de emissões, mas muitas vezes não sabem contar essas histórias. É um erro estratégico. Quem comunica com clareza seus resultados conquista credibilidade junto à imprensa, ao mercado e à opinião pública”, explica.
Nos últimos anos, grandes companhias passaram a divulgar relatórios de sustentabilidade, metas de neutralidade de carbono e compromissos com fontes renováveis. Mas, o desafio está em traduzir esses dados técnicos em mensagens acessíveis e transparentes, que conectem o público às ações da empresa. É nesse ponto que a assessoria de imprensa assume papel central: transformar números em narrativas que tenham valor informativo, e não apenas institucional. A assessoria de imprensa atua como ponte entre o técnico e o humano. Ela organiza a mensagem, ajuda a evitar o greenwashing e mostra à sociedade que há uma intenção real de mudança. Comunicar transição energética não é autopromoção, é responsabilidade.
Ela lembra que a nova economia verde exige não apenas eficiência ambiental, mas coerência. “O discurso vazio já não se sustenta. A imprensa e o consumidor querem transparência: o que a empresa está fazendo, qual o impacto real e quais os próximos passos. Quem fala de forma honesta e consistente, mesmo sobre desafios, ganha confiança”, complementa.
O momento é decisivo, visto que o setor privado brasileiro tem papel de protagonismo na corrida pela descarbonização e pode usar a comunicação como alavanca de influência e reputação. Empresas que se posicionarem de forma estratégica agora estarão mais preparadas para as novas exigências regulatórias e de mercado.
Em um ambiente em que a pauta ambiental domina o noticiário, o silêncio corporativo também comunica e, muitas vezes, comunica mal. A transição energética é, cada vez mais, uma questão de imagem pública. Marcas que souberem unir prática, propósito e narrativa sairão à frente.
“A transição energética é inevitável. O que é opcional é como cada empresa escolhe se apresentar nesse processo. As que souberem comunicar suas transformações com transparência serão vistas como líderes. As que não fizerem isso correm o risco de desaparecer no ruído”, conclui Silvana.