
Com redações enxutas e aumento da competição por atenção, empresas que mantêm relações sólidas com a imprensa fortalecem a reputação
O relacionamento entre marcas e imprensa sempre foi uma peça central da assessoria de imprensa. Mas, nos últimos anos, ele se tornou mais estratégico do que nunca. Redações reduzidas, maior volume de informações circulando nas redes e o avanço da desinformação criaram um cenário em que ter uma boa história já não basta — é preciso ter acesso, contexto e confiança.
A transformação do jornalismo impactou diretamente o trabalho das assessorias. A rotina de repórteres é marcada por prazos curtos, múltiplas pautas e falta de tempo para apurar temas complexos. Com isso, cresce o espaço para fontes corporativas que entregam informações relevantes, estruturadas e em linguagem acessível. Para as empresas, isso representa uma oportunidade — mas também uma responsabilidade maior.
Segundo Ghabriella Costermani, assessora de imprensa e colaboradora da Si Comunicação, o diferencial competitivo das marcas hoje passa pelo relacionamento com a imprensa. “As empresas precisam entender que jornalismo é sobre interesse público. Quando o assessor conhece o repórter, entende sua editoria e entrega conteúdo realmente útil, ele não só facilita o trabalho da redação, como constrói credibilidade para a marca”, afirma.
Ghabriella destaca que o relacionamento não se resume a enviar releases. “É um trabalho de longo prazo, de confiança. Jornalista percebe quando a empresa só procura na hora de divulgar algo. As que mantêm diálogo constante são as que ganham espaço quando precisam porque existe vínculo, respeito e transparência”, explica.
A mudança no comportamento das redações também elevou o nível de exigência. Pautas genéricas ou comerciais têm cada vez menos espaço. Por outro lado, especialistas com conhecimento técnico, executivos acessíveis e dados exclusivos tornaram-se ativos valiosos. Marcas que oferecem informação com contexto e relevância saem na frente, especialmente em temas como economia, inovação, sustentabilidade e políticas públicas.
O aumento da circulação de conteúdo automatizado, impulsionado pela Inteligência Artificial, também reforçou a importância do fator humano no relacionamento com a imprensa. Entre milhares de textos produzidos por ferramentas digitais, as histórias que se destacam são aquelas que têm profundidade, fonte confiável e senso de oportunidade, elementos que dependem diretamente do trabalho da assessoria.
Para a profissional, o atual ambiente de comunicação exige que as marcas sejam ainda mais responsáveis. “O jornalista lida com muita pressão e pouco tempo. Quando a assessoria entrega informação correta, verifica dados e facilita o acesso à porta-vozes, ela contribui para o jornalismo e fortalece sua reputação“, diz.
Esse relacionamento também funciona como proteção reputacional. Empresas que cultivam boa convivência com a imprensa conseguem responder com mais rapidez e equilíbrio em momentos de crise, evitando ruídos e reduzindo riscos. Além disso, tornam-se referência de fonte confiável, o que abre portas para oportunidades espontâneas de mídia.
Em um ambiente em que a atenção é cada vez mais disputada, a relação entre marcas e jornalistas se tornou um dos ativos mais valiosos da comunicação corporativa. E, embora a tecnologia transforme processos, é a confiança – construída no tempo e sustentada por transparência – que continua definindo quem será ouvido.